China não notifica mortes por Covid há 12 dias, mas há evidências de que doença tem se agravado no país


Na quarta-feira, o governo disse que pararia de relatar casos assintomáticos, pois eles se tornaram impossíveis de rastrear —os testes em massa não são mais necessários. Trabalhadores carregam corpo para dentro de caminhão em Pequim, em 16 de dezembro de 2022
Dake Kang/AP
O número de mortes ligadas ao coronavírus estão aumentando em Pequim, na China, mesmo que, oficialmente, a China não tenha notificado um caso de morte desde o dia 4 de dezembro. Há sinais de que o coronavírus tem feito mais vítimas e que há mortes.
A China vive um aumento de casos. Na semana passada, o governo abandonou algumas das medidas de contenção Covid-19. Na quarta-feira, o governo disse que pararia de relatar casos assintomáticos, pois eles se tornaram impossíveis de rastrear —os testes em massa não são mais necessários.
Essa interrupção nos relatórios torna mais difícil rastrear a velocidade com que a qual o vírus está se espalhando. Publicações em mídias sociais, fechamento de negócios e outras demonstrações não científicas sugerem que o número de infecções é alto.
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Casa funerária para os infectados
As autoridades de saúde de Pequim designaram duas casas funerárias para cremar aqueles que morreram depois de terem sido infectados (e testados) com coronavírus.
Repórteres da agência de notícias AP viram filas nessas casas funerárias, e os parentes das pessoas mortas afirmaram que seus familiares haviam contraído a doença.
O número oficial de mortos na China é relativamente baixo: são 5.235 mortes (os Estados Unidos, por exemplo, registram 1,1 milhão de mortes). No entanto, especialistas em saúde pública dizem que essas estatísticas não podem ser comparadas diretamente.
As autoridades de saúde chinesas contam somente aqueles que morreram diretamente de Covid-19, excluindo aqueles cujas condições subjacentes foram agravadas pelo vírus. Em muitos outros países, as diretrizes estipulam que qualquer morte em que o coronavírus seja um fator ou contribuinte seja contabilizada como uma morte relacionada ao Covid-19.
Especialistas dizem que essa forma de contar é uma prática de longa data na China, mas já surgiram dúvidas sobre uma possível tática das autoridades para minimizar os números.
Viagens durante feriado de Ano Lunar
Nestea sexta-feira, o gabinete da China ordenou que as áreas rurais se preparassem para o retorno dos trabalhadores migrantes nesta temporada de férias, na esperança de evitar um grande aumento nos casos de Covid-19 em comunidades com recursos médicos limitados.
Os repatriados devem usar máscaras e evitar contato com idosos, e os comitês das aldeias devem monitorar seus movimentos, dizem as diretrizes, mas não mencionam a possibilidade de isolamento ou quarentena.
Há temores de um aumento de casos por volta dos feriados do Ano Novo Lunar da China, pois tradicionalmente é uma época em que dezenas de milhões de pessoas pegam trens, ônibus e aviões para viajar.
O próximo Ano Novo Lunar cai em 22 de janeiro, mas os migrantes geralmente começam a voltar para casa com duas semanas ou mais de antecedência. Algumas universidades chinesas dizem que permitirão que os alunos terminem o semestre em casa, para diminuir as aglomerações durante as viagens e reduzir o potencial de um surto maior.
Campanha para vacinar
Especialistas em saúde disseram que a China enfrentará um pico de infecções nos próximos meses. Há campanhas para convencer os idosos e as pessoas que não acreditam em vacina a serem vacinados.
Há uma crescente frustração com a política de “Covid zero”. Essa política tem sido apontada como prejudicial à economia e causadora de um estresse social. A flexibilização começou em novembro e acelerou depois que Pequim e várias outras cidades viram protestos contra as restrições, que se transformaram em pedidos pela renúncia do presidente Xi Jinping e do Partido Comunista —um tipo de oposição pública que não era observado em décadas do país.
Não está claro o que motivou a mudança de política do governo. Os especialistas citam a pressão econômica, o descontentamento público e as dificuldades de conter a variante extremamente infecciosa do omicron.
A China não estava totalmente preparada para a abertura do ponto de vista da saúde pública, e a decisão foi motivada principalmente por fatores econômicos e sociais, disse Zeng Guang, especialista em saúde.

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