No universo dos influenciadores digitais, onde rostos humanos disputam a atenção do público, um novo tipo de estrela ascende: os animais de estimação. E, entre eles, Dozer, o adorável cachorro da famosa blogueira de culinária RecipeTin Eats, acaba de alcançar um novo patamar de fama. O simpático cão agora estrela o livro infantil “Row Row Row Your Boat (with Monsters)”, de Adam Simpson.
A iniciativa, que visa arrecadar fundos para instituições de caridade, coloca Dozer em um cenário lúdico e imaginativo, onde ele embarca em uma aventura marítima repleta de monstros. A notícia rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando reações mistas entre os internautas. Se por um lado, muitos elogiaram a fofura do cão e a nobreza da causa, outros questionaram a crescente “humanização” dos animais e o impacto desse fenômeno na sociedade.
A Ascensão dos Pets Influenciadores
Não é de hoje que os animais de estimação ganham destaque na internet. Plataformas como Instagram e TikTok estão repletas de perfis dedicados a cães, gatos e até mesmo outros bichos exóticos, que acumulam milhares – e, em alguns casos, milhões – de seguidores. O sucesso desses “pet influencers” reside, em grande parte, na capacidade de gerar identificação e entretenimento para o público. Afinal, quem não se derrete com um filhote aprontando travessuras ou um gato exibindo sua adorável preguiça?
No entanto, essa crescente popularidade também levanta questões importantes. Até que ponto é saudável projetar características humanas em nossos animais de estimação? Como garantir que a exposição constante nas redes sociais não afete o bem-estar dos bichos? E qual o impacto dessa “cultura pet” na nossa relação com a natureza e com outras formas de vida?
O Debate Sobre a Humanização dos Animais
A antropomorfização, ou seja, a atribuição de características humanas a animais e objetos, é um fenômeno antigo e presente em diversas culturas. No entanto, com o advento da internet e das redes sociais, essa prática ganhou novas dimensões. Hoje, vemos animais de estimação vestidos com roupas, participando de festas de aniversário e até mesmo protagonizando campanhas publicitárias. Essa “humanização” excessiva pode ter consequências negativas, tanto para os animais quanto para os humanos.
Para os animais, a exposição a situações estressantes e a rotinas que não condizem com suas necessidades naturais pode gerar problemas de saúde física e mental. Além disso, a “humanização” excessiva pode dificultar a compreensão de seus comportamentos e necessidades específicas, levando a erros de manejo e até mesmo a maus-tratos. Para os humanos, a projeção de características humanas em animais pode obscurecer a percepção de suas características próprias e singulares, dificultando a construção de uma relação autêntica e respeitosa.
Um Olhar Crítico e Consciente
O caso de Dozer, o cachorro que virou estrela de livro infantil, é apenas um exemplo do complexo e multifacetado universo dos “pet influencers”. Se, por um lado, a iniciativa pode gerar recursos para instituições de caridade e promover a conscientização sobre a causa animal, por outro, é importante refletir sobre os limites da “humanização” e os impactos da exposição excessiva nas redes sociais.
Como consumidores de conteúdo digital, cabe a nós desenvolver um olhar crítico e consciente sobre as tendências e modismos que surgem na internet. Celebrar a fofura e o carisma dos animais de estimação é válido e divertido, mas sem perder de vista a importância de respeitar suas necessidades e características naturais. Afinal, a verdadeira beleza dos animais reside em sua singularidade e em sua capacidade de nos conectar com a natureza de forma genuína e transformadora.
Para saber mais sobre o impacto da cultura pet na sociedade, confira este artigo da revista Galileu: De onde vem o amor pelos animais de estimação que se tornou uma febre global?
Conclusão
A história de Dozer nos convida a uma reflexão mais profunda sobre a nossa relação com os animais, a cultura da internet e o impacto das nossas escolhas como consumidores de conteúdo digital. Que possamos celebrar a beleza e a alegria que os animais trazem para nossas vidas, mas sem perder de vista a importância de um olhar crítico, consciente e respeitoso.