‘Brasil era seu sonho’, diz amiga de fisiculturista argentina achada morta após torneio em SP; polícia investiga e aguarda laudo do IML | São Paulo

“Brasil era seu sonho. Chegou em São Paulo e ela me ligou dizendo que ‘tinha tocado o céu com as mãos’ e que estava super feliz. Ela conseguiu tudo na raça. Criou suas filhas sozinha e tinha uma rotina de exercícios muito exigente. Sempre sorria e levava amor e humor. Estamos todos muito convencidos de que ela foi morta”, afirmou a amiga de infância Llanina Pérez Marín, de 49 anos.

Johana representou a Argentina no Campeonato Sul-Americano de Fisiculturismo e Fitness, na categoria Físico Feminino e foi vice-campeã na 47ª edição do torneio.

Horas depois da conquista, Johana foi encontrada morta no hotel onde estava hospedada.

A Polícia Civil investiga a causa da morte de Johana, que fazia parte da delegação argentina de fisiculturismo. O caso foi registrado como morte suspeita, e um inquérito foi instaurado pelo 13º Distrito Policial.

O evento foi realizado entre 6 e 9 de outubro em um hotel no Parque Anhembi (leia mais abaixo quem era a atleta). Na sexta-feira (7), Johana conquistou o segundo lugar na competição.

A atleta chegou a publicar um vídeo no seu perfil que mostra sua performance (veja vídeo acima). Em setembro, ela também foi vice-campeã em um campeonato em Córdoba, na Argentina.

Fisiculturista Johana Colla — Foto: Reprodução/Instagram

De acordo com o boletim de ocorrência, foram feitas massagens cardíacas, mas a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou a morte à 1h20. Não havia sinais de violência.

“Conhecia ela há 20 anos. Ela era uma boa menina. Boa alma, não tinha inimigos e apenas seguia seus sonhos. Ela não tomava anabolizantes. Era asmática alérgica. Ela falava que ia mostrar a todos que tomavam anabolizantes para fazer crescer músculo que também podia fazer crescer com esforço”,

“Na pandemia, montou uma academia em sua casa para a rotina. Nós nos falávamos quase todos os dias. Peço que investiguem aí no Brasil o que a matou. Ela não merecia morrer e deixar duas pequenas filhas”.

Llanina Pérez Marín com Johana Colla — Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a polícia informou à TV Globo, depois da competição, Johana e o namorado dela voltaram para o hotel. Investigadores tiveram acesso às imagens das câmeras do hotel, mas elas não foram divulgadas.

Nelas, os investigadores viram o casal chegar às 21h43. Os dois estavam tranquilos e felizes pela colocação de Johana no campeonato. Exatamente duas horas depois, quase no final da noite, o namorado dela saiu do quarto desesperado e pedindo socorro.

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De acordo com o delegado que investiga o caso, o namorado disse em depoimento que Johana tomou um remédio para ansiedade um dia antes da competição.

À polícia, o companheiro da atleta também teria dito que “Johana usava anabolizantes e que parou 13 dias antes de competir para que a substância não fosse detectada num eventual exame antidoping”.

Exames antes da liberação

O corpo de Johana foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para ser feito exame toxicológico. O laudo deve sair nos próximos dias.

O Consulado da Argentina em São Paulo informou que o corpo da atleta foi retirado do IML na quinta-feira (13) por uma empresa funerária e levado para preparação e translado para a Argentina.

Ao g1, a irmã da vítima, María Del Carmen Colla, afirmou que faltava um documento da polícia para liberar o corpo durante a semana e, por isso, só conseguiram o translado para Buenos Aires no último sábado (15). O velório foi realizado no domingo (16) e o enterro na segunda (17).

Johana Soledad Colla foi achada morta em São Paulo — Foto: Reprodução/Instagram

A família da fisiculturista acredita que a atleta tenha sido assassinada. Isso porque Johana mandou áudios momentos antes de morrer afirmando que um homem havia injetado algo desconhecido nela.

Injetaram algo nela que ela não sabia o que era. Tenho muitos áudios que ela nos mandou dizendo que um colega de quarto tentou abusar dela. Eu sei que ela não morreu por um infarto ou de morte súbita. A minha irmã jamais se drogou. Ela preparava seu corpo para os campeonatos, mas droga mesmo, jamais. E coincidentemente, depois de ganhar e saber que estava classificada para o Mundial, ela morreu. Não é possível, por Deus”, afirmou ao g1 María Del Carmen Colla, irmã da atleta.

“Seria bom se soubessem o que aconteceu com a minha irmã. A mataram. Ela não morreu por causa do esporte. Peço Justiça”, disse María Del Carmen

A irmã Carmen conta que Johana sempre foi apaixonada por ginástica, desde os 8 anos. Há cerca de 6 anos estava no mundo do fisiculturismo e se dedicava para as competições. Johana deixou duas filhas, de 7 e 10 anos.

Carmen Colla com a irmã Johana Colla — Foto: Arquivo Pessoal

“Seu sonho era fazer sua academia, ter dinheiro para poder criar suas filhas pequenas, de 7 e 10 anos. Ela vivia para suas filhas. Ela sempre quis o melhor para elas. As criou sozinha e, para ter mais dinheiro, foi competir.”

Carmen ainda afirma que a atleta treinava meninas no bairro e que ir para o Brasil era a realização de um sonho.

“Ela se dedicou a treinar meninas do bairro e vendia meias esportivas, luvas esportivas. Não incomodava ninguém e era muito querida no bairro. Foi a primeira vez que ela viajou para competir no Brasil. Para ela foi um sonho realizado. Ela ficou muito feliz em chegar e ganhar. Sabia que iria ganhar, pois ela se preparou totalmente com sacrifício e dedicação”.

Johana Soledad Colla publicou vídeo antes de embarcar para o Brasil — Foto: Reprodução/Instagram

A Federação Argentina de Fisiculturismo (IFBB-Argentina) divulgou um comunicado, no perfil do Instagram, lamentando a morte de Johana nas redes sociais.

“Com muito pesar que nossa instituição informa que na madrugada de 8 de outubro a atleta Johana Colla sofreu uma parada cardíaca enquanto dormia. O médico do hotel e o serviço médico de emergência do Brasil realizaram mais de uma hora de reanimação que foi, infelizmente, frustrada. O médico atuante nos informou que foi uma morte súbita. As autoridades da Federação estão se ocupando dos trâmites legais e do suporte para o companheiro que se encontrava com ela no momento. Estendemos nosso mais profundo sentimento de pesar para sua família e toda nossa comunidade fisiculturista.”

Federação da Argentina de Fisiculturismo (IFBB-Argentina) publicou nota sobre o caso — Foto: Reprodução/Instagram

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