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Brasil diz que começou a afundar um velho navio de guerra, material perigoso e tudo

RIO DE JANEIRO – A Marinha do Brasil informou na noite de sexta-feira que iniciou uma operação para afundar o porta-aviões desativado São Paulo, carregado com uma quantidade indeterminada de amianto e outros materiais tóxicos, a cerca de 220 milhas da costa nordeste do país.

Um comunicado de imprensa da Marinha não forneceu detalhes da operação e não ficou claro se o navio havia afundado. Autoridades navais não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

A transportadora tinha passou meses no mar, recusou permissão para atracar no Brasil depois que os planos de reciclar o navio na Turquia fracassaram. Grupos ambientalistas acusaram as autoridades brasileiras e a empresa proprietária do navio de subestimar a quantidade de material perigoso a bordo. Sob pressão de grupos ambientalistas, a Turquia cancelou a permissão de atracação de São Paulo depois que o navio e seu rebocador já haviam chegado a Gibraltar.

A embarcação, então a necessitar de manutenção, foi obrigada a regressar ao Brasil, onde foi igualmente recusada a autorização de atracação por parte de autoridades civis. A marinha, por motivos inexplicados, também se recusou a oferecer suas bases. Assim, o navio passou meses sendo rebocado em círculos enquanto sua condição se deteriorava.

Um comunicado de imprensa da Marinha nesta semana alertou sobre “a deterioração das condições de flutuabilidade do casco e a inevitabilidade do naufrágio espontâneo/descontrolado”.

Autoridades haviam dito anteriormente que o navio de 30.000 toneladas seria afundado no estado de Pernambuco em um local a cerca de 3.000 milhas de profundidade, fora de qualquer zona ambientalmente protegida ou áreas com cabos submarinos.

Na última década, de acordo com a Shipbreaking Platform, uma organização de vigilância que defende a reciclagem sustentável, as empresas brasileiras descartaram mais de 50 embarcações no sul da Ásia, onde as regulamentações para o manuseio de materiais tóxicos são negligentes.

“Várias dessas embarcações foram exportadas de portos brasileiros sem seguir as regras internacionais sobre movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos”, disse Nicola Mulinaris, consultor de políticas da Shipbreaking Platform.

O plano de reciclar São Paulo na Turquia foi pensado para ser o primeiro esforço do Brasil para sucatear um navio em condições bem regulamentadas.

O material tóxico a bordo do São Paulo pode perturbar os ecossistemas, matar animais e plantas e envenenar as cadeias alimentares marinhas com metais pesados, de acordo com o IBAMA, agência ambiental do Brasil.

Rosângela Muniz, diretora interina do departamento de qualidade ambiental do IBAMA, disse que o órgão solicitou à Marinha informações, inclusive sobre o método que seria usado para afundar o navio, para que pudesse ajudar a mitigar o impacto. Não houve resposta até o final dos negócios na sexta-feira.

A Sra. Muniz disse que sua equipe estava frustrada porque o esforço para reciclar São Paulo de forma sustentável falhou.

“Este navio é um passivo ambiental que só tem uma destinação correta: a reciclagem”, afirmou. “Sabemos que outras solicitações como esta chegarão ao IBAMA e esperamos que tenham um resultado melhor para o meio ambiente.”

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