Biblioteca no Rio guarda acervo de Nélida Piñon


São 7 mil livros e documentos que foram reunidos em mais de 60 anos de carreira e que estão no Instituto Cervantes, em Botafogo. Muitas obras contam com dedicatórias dos autores. Nélida Piñon na inauguração da biblioteca que leva seu nome, em Botafogo, que conta com o acervo da escritora
Reprodução/ TV Globo
A acadêmica Nélida Piñon, que morreu em Lisboa aos 85 anos, deixou seu acervo de presente para os moradores do Rio. Em junho deste ano, a escritora inaugurou uma biblioteca com seu acervo no Instituto Cervantes, em Botafogo, na Zona Sul da cidade.
A Biblioteca Nélida Piñon conta com 7 mil livros e documentos que foram reunidos em mais de 60 anos de carreira. Muitas obras contam com dedicatórias dos autores, como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e José Saramago.
Outras possuem anotações dela sobre os temas tratados nas obras. A entrada na Biblioteca Nélida Piñon é gratuita.
“Eu sempre acreditei que os livros nasceram para viajar. Não pertencem a um único dono. É uma doação que implica em um amor à Espanha e ao amor ao livro. A crença de que o livro vive à medida que for lido, que estiver ao alcance de todos que tiverem curiosidade pela vida”, disse Nélida Piñon na inauguração do espaço.
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O Instituto Cervantes, onde fica a biblioteca, é uma instituição criada para promover, ensinar espanhol e divulgar a cultura da Espanha. Os pais e avós da escritora eram galegos.
Em janeiro deste ano, Nélida Piñon recebeu formalmente o título de nacionalidade espanhola em uma cerimônia no Consulado da Espanha.
“Hoje eu sou a brasileira que sempre fui e adicionei, a essa minha maravilhosa nacionalidade brasileira, a nacionalidade espanhola e passo a pertencer à União Européia. Quando penso em Espanha, penso em seus grandes mortos. Cervantes, por exemplo (…) Penso nos meus mortos, no meu avô Daniel, na minha avó Mada, na minha mãe Carmen, no meu amado pai, Lino”, disse sobre a própria origem.
As memórias da família de Nélida também fizeram parte da obra da escritora. No romance “A República dos Sonhos”, ela falou sobre a vida dos imigrantes que chegaram ao Brasil na virada do século.
Carioca
A escritora Nélida Piñon, ocupante da cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras
Divulgação
Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro em 1937 e se formou em Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1989 e foi a primeira mulher a presidir a instituição em cem anos de existência, em 1996-1997.
Nélida Piñon era a ocupante da cadeira 30 da ABL. E foi a quinta ocupante do assento, que tem como patrono Pardal Mallet. Os outros ocupantes que antecederam a escritora foram Pedro Rabelo (fundador), Heráclito Graça, Antônio Austregésilo e Aurélio Buarque de Holanda.
Com mais de 20 livros publicados, suas obras foram traduzidas em mais de 30 países. Entre eles, romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias.
Vencedora de dezenas de prêmios, nacionais e internacionais, colaborou em diversos jornais e revistas literárias e foi correspondente no Brasil da revista “Mundo Nuevo”, de Paris.
Seu primeiro romance foi publicado em 1961, “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo”. Em 1972, lança “A Casa da Paixão”, considerado um de seus melhores e mais conhecidos romances, vencedor do Prêmio Mário de Andrade.
Entre os prêmios ganhos, estão o Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995 (primeira vez dado a uma mulher e para um autor de língua portuguesa); o Bienal Nestlé, categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991, e o da APCA e o Prêmio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance “A República dos Sonhos”.
Nélida foi titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami, no período de 1990 a 2003 (ocupada anteriormente por Isaac Baschevis Singer, prêmio Nobel de Literatura de 1978).
Em 1998, foi primeira mulher a receber o Doutor Honoris Causa da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, 1998.
Gilberto Gil e Nelida Piñon durante cerimônia na ABL
Reprodução/Twitter

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