Quando o deputado eleito George Santos tomar posse no Congresso na terça-feira, ele o fará sob a sombra de investigações ativas de promotores federais e locais sobre possíveis atividades criminosas durante suas duas campanhas parlamentares.
Mas um caso criminal mais antigo pode ser mais premente: as autoridades policiais brasileiras pretendem reviver as acusações de fraude contra Santos e buscarão uma resposta formal, disseram os promotores ao The New York Times na segunda-feira.
O assunto, que surgiu de um incidente em 2008 sobre um talão de cheques roubado, foi suspenso por quase uma década porque a polícia não conseguiu localizá-lo.
Nathaly Ducoulombier, porta-voz do Ministério Público do Rio de Janeiro, disse que com o “paradeiro identificado” de Santos, um pedido formal será feito ao Departamento de Justiça dos EUA para notificá-lo das acusações, uma etapa necessária após a qual o caso será prosseguir com ou sem ele.
O processo criminal no Brasil foi divulgado pela primeira vez em uma investigação do New York Times que revelou ampla discrepâncias em seu currículo e perguntas sobre suas transações financeiras.
Apenas um mês antes de seu aniversário de 20 anos, o Sr. Santos entrou em uma pequena loja de roupas na cidade brasileira de Niterói, nos arredores do Rio de Janeiro. Ele gastou quase US$ 700 usando um talão de cheques roubado e um nome falso, mostram os registros do tribunal.
O Sr. Santos admitiu a fraude ao dono da loja em agosto de 2009, escrevendo no Orkut, um popular site de mídia social no Brasil: “Eu sei que estraguei tudo, mas quero pagar”. Em 2010, ele e sua mãe disseram à polícia que ele havia roubado o talão de cheques de um homem para quem sua mãe trabalhava e o usava para fazer compras fraudulentas.
Um juiz aprovou a acusação em setembro de 2011 e ordenou que o Sr. Santos respondesse ao caso. Mas em outubro ele já estava nos Estados Unidos e trabalhando na Dish Network em College Point, Queens, mostram os registros da empresa.
Apesar de suas confissões anteriores, Santos recentemente negou qualquer envolvimento criminal, dizendo ao The New York Post: “Não sou um criminoso aqui – nem aqui, nem no Brasil, nem em qualquer jurisdição do mundo”.
Joe Murray, advogado de Santos, disse na segunda-feira: “Estou no processo de contratar um advogado local para tratar dessa alegada reclamação contra meu cliente”.
A posse de Santos na terça-feira como representante do Terceiro Distrito Congressional de Nova York já estava marcada para ocorrer em meio a uma nuvem de escrutínio.
Na semana passada, o The New York Times relatou irregularidades nos gastos de campanha de Santos, incluindo US$ 40.000 em voos e pagamentos de aluguel vinculados a um endereço onde Santos estaria hospedado, uma possível violação da proibição de usar fundos de campanha. para despesas pessoais.
O Times também revelou que Santos mentiu sobre se formar na faculdade e enganou os eleitores sobre ter trabalhado para o Citigroup e o Goldman Sachs. Ele também reconheceu que devia milhares de dólares em aluguel não pago e retirou sua alegação de que possuía várias propriedades.
O próximo passo para os promotores brasileiros é apresentar uma petição quando os tribunais reabrirem no final de semana, solicitando que Santos responda às acusações contra ele. Um juiz então compartilharia o pedido, chamado de carta rogatória, com o Ministério da Justiça federal no Brasil, que o compartilharia com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Nem o Departamento de Justiça nem as autoridades brasileiras podem obrigar o Sr. Santos a responder neste momento. Mas o Sr. Santos deve ser notificado oficialmente para que o caso prossiga.
Uma condenação criminal, mesmo por crime doloso, não é, por si só, um ato que inabilite um parlamentar para o cargo. A última vez que um membro do Congresso foi destituído do cargo por infringir a lei foi em 2002, quando James A. Traficant Jr. sua convicção em acusações de extorsão e corrupção.
Se o Sr. Santos não apresentar defesa no caso brasileiro, ele será julgado à revelia. Se for considerado culpado, Santos pode pegar até cinco anos de prisão, mais multa.
Manuela Andreoni e Michael Gold relatórios contribuídos.