Astrud Gilberto: 6 canções essenciais

Astrud Gilberto, que morreu na segunda-feira aos 83 anos, trouxe o primeiro e sedutor sabor da bossa nova brasileira para inúmeros ouvintes em todo o mundo. Suas colaborações – com Stan Getz, Gil Evans, Stanley Turrentine e outros – também ajudaram a consolidar as conexões da bossa nova e do jazz.

Sua voz era surpreendentemente modesta, às vezes atingindo notas um pouco monótonas e muitas vezes quase um sussurro; o efeito era íntimo e aparentemente sem peso. Quando ela cantava em inglês, seu sotaque brasileiro lhe dava um toque cativante de estranheza e acessibilidade, mesmo que seu fraseado permanecesse flexível, enquanto as letras traduzidas convidavam um público mais amplo a ouvir grandes compositores brasileiros como Antonio Carlos Jobim. Suas primeiras gravações são as mais radiantes, mergulhadas na saudade pensativa e nostálgica que os brasileiros chamam de saudade.

Aqui estão seis performances indeléveis de Astrud Gilberto.

Essa foi a bossa nova que seduziu o mundo: uma proposital colaboração cruzada do saxofonista americano Stan Getz, Jobim, Astrud Gilberto e seu então marido, o definitivo guitarrista e cantor da bossa nova, João Gilberto. Isso é versão completa abriu com João Gilberto cantando a letra em português, mas o single que conquistou o mundo corta rapidamente para a voz ofegante de Astrud Gilberto em inglês, com Jobim no piano gotejando apenas algumas notas perfeitas para respondê-la.

Gilberto não soa exatamente “tão nervoso quanto uma marionete em uma corda” nesta performance ao vivo do padrão de Rodgers e Hammerstein com o Stan Getz Quartet. Em vez disso, ela está equilibrada e segura, refletindo sobre a possibilidade de romance enquanto o saxofone de Getz corre e espirala ao seu redor.

Jobim voltou a se juntar a Gilberto como colaborador em sua luminosa estreia solo, “The Astrud Gilberto Album”. Sua voz sombreia a dela em sua versão despreocupadamente elegante de seu padrão de bossa nova “Água de Beber” (“Água para Beber”); enquanto ela canta sobre um amor tão essencial quanto a água, a música brilha com carinho mútuo.

Uma orquestra de estúdio oferece uma pitada de fanfarra, depois cai em um silêncio de admiração por trás da voz de Gilberto nesta música vencedora do Oscar e do Grammy do filme “The Sandpiper”. Escrita por Johnny Mandel e Paul Francis Webster, com fortes influências da bossa nova, o arranjo da música envolve Gilberto com pequenos floreios instrumentais – cordas, flautas, piano, vibrafone – mas a voz de Gilberto mantém sua serena melancolia.

Um berimbau, o instrumento de percussão de uma corda apreciado na Bahia, Brasil, vibra nesta música de Baden Powell e Vinicius de Moraes. O arranjo levemente ameaçador de Gil Evans destaca as sincopações pontuais do vocal de Gilberto.

Gilberto cantou com mais frequência sobre o amor que chega e desaparece. Mas de vez em quando ela se voltava para outros pensamentos – como o ressentimento feminista em “Maria Quieta”, um samba enérgico com letra (de Moraes traduzido por Norman Gimbel) sobre o trabalho interminável das mulheres. A entrega de Gilberto é pontiaguda e silenciosamente fervendo.

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