Charles Sobhraj, de 78 anos, estava preso no Nepal desde 2003 pelo assassinato de dois turistas da América do Norte. A decisão de libertá-lo foi tomada na quarta-feira pelo Supremo Tribunal do Nepal. Charles Sobhraj em imagem de 2011
Navesh Chitrakar/Reuters
Condenado no Nepal, francês Charles Sobhraj se beneficiou de lei por estar doente e será deportado. Ele aterrorizou a Ásia nos anos 1970 e teve a história retratada na minissérie da Netflix “O Paraíso e a Serpente”.O assassino em série francês Charles Sobhraj, conhecido como “a Serpente”, foi libertado de uma prisão no Nepal e será deportado para França nesta sexta-feira (23/12).
Sobhraj aterrorizou a Ásia na década de 1970, fazendo várias vítimas. Recentemente, sua história voltou aos holofotes ao ser retratada na minissérie da Netflix “O Paraíso e a Serpente”.
“O governo nepalês quer mandá-lo de volta o mais depressa possível. Sobhraj também quer”, disse Gopal Shiwakoti Chintan, advogado do assassino. A previsão era de que ele embarcasse para a França em um voo da Qatar Airways ainda nesta sexta-feira.
Sobhraj, de 78 anos, estava preso no Nepal desde 2003 pelo assassinato de dois turistas da América do Norte. A decisão de libertá-lo foi tomada na quarta-feira pelo Supremo Tribunal do Nepal.
Por sofrer de problemas cardíacos e precisar de uma cirurgia, ele se beneficiou de uma lei nepalesa que permite a libertação de prisioneiros acamados que já cumpriram três quartos da pena. O Tribunal ordenou que ele fosse deportado no prazo de 15 dias.
“Eu me sinto ótimo, estou voando para Paris”, disse Sohbraj por telefone, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
Antes do anúncio da sua transferência, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês disse que, se notificada sobre a deportação, a França “seria obrigada a cumprir o pedido, uma vez que o Sobhraj é um cidadão francês”.
Os crimes
De origem vietnamita e indiana, Charles Sobhraj começou a viajar pelo mundo no início da década de 1970 e acabou se estabelecendo na capital tailandesa, Bankok.
Lá, se passava por um comerciante de pedras preciosas para fazer amizade com as suas vítimas – na maioria das vezes mochileiros ocidentais. Depois, as drogava, roubava e assassinava.
Chamado de o “assassino do biquíni” em 1975 após a descoberta do corpo de uma mulher americana que vestia traje de banho numa praia de Pattaya, na Tailândia, Sobhraj foi ligado a mais de 20 assassinatos em países como índia, Nepal e Tailândia – mas respondeu por apenas três.
O outro apelido, “a Serpente”, veio por seu charme e habilidade escorregadia para escapar da prisão.
Condenação na índia
Preso na Índia em 1976, Sobhraj passou 21 anos atrás das grades pela morte do turista francês Jean-Luc Solomon. O período tornou-se notório pelo luxo em que vivia, subornando guardas com dinheiro e pedras preciosas, e por uma breve fuga em 1986, depois de ter drogado guardas prisionais – ele acabou sendo recapturado no estado indiano de Goa.
Libertado em 1997, voltou a Paris. Em 2003, julgando que mais uma vez que escaparia das autoridades, viajou ao Nepal. No entanto, foi preso no distrito turístico de Katmandu.
No ano seguinte, um tribunal condenou-o a prisão perpétua pelo assassinato de uma turista americana, Connie Jo Bronzich, em 1975. Dez anos mais tarde, também foi condenado pelo homicídio do companheiro canadense dela, Laurent Carrière.
Durante seu tempo na prisão no Nepal, Sobhraj se casou com uma mulher nepalesa 40 anos mais jovem. Em 2008, então com 64 anos, conheceu a advogada Nihita Biswas, de 21, quando ela atuou como intérprete na prisão.
Na Tailândia, ele foi acusado de matar seis viajantes e havia um mandado de prisão de décadas, mas ele nunca foi extraditado para o país para enfrentar as acusações.
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