As pesquisas do Brasil estavam erradas durante o primeiro turno. Agora a direita quer criminalizá-los.

No primeiro turno das eleições brasileiras observadas de perto este mês, as pesquisas subestimaram significativamente o apoio ao presidente Jair Bolsonaro e outros candidatos conservadores em todo o país.

Muitos da direita ficaram furiosos, criticando os institutos de pesquisa como fora de contato com o eleitorado brasileiro.

Agora, a pedido do Sr. Bolsonaro, alguns dos líderes do Brasil estão tentando tornar um crime prever incorretamente uma eleição.

A Câmara dos Deputados do Brasil acelerou um projeto de lei que criminalizaria a publicação de uma pesquisa que mais tarde se mostra fora de sua margem de erro. A Câmara, que é controlada por aliados de Bolsonaro, deve votar e aprovar a medida nos próximos dias.

A forma final e o destino do projeto não são claros. Os líderes da Câmara sugeriram que eles podem suavizar a legislação, e suas perspectivas no Senado, onde os oponentes de Bolsonaro são a maioria, parecem muito menos certas.

Ainda assim, qualquer que seja o destino da medida, a proposta e outros esforços para investigar pesquisas de opinião por seus erros de cálculo recentes fazem parte de uma narrativa mais ampla impulsionada por Bolsonaro e seus aliados, sem evidências, de que o establishment político do Brasil e a esquerda estavam tentando fraudar a eleição contra ele.

De sua parte, Bolsonaro passou a chamar as empresas de pesquisa de “mentirosas”, alegou que seus erros resultaram em até três milhões de votos para Luiz Inácio Lula da Silva, seu adversário, no primeiro turno, e defendeu que as empresas enfrentassem as consequências. “Não por ter entendido errado, ok? Erro é uma coisa”, disse. “É pelos crimes que cometeram.”

Ele não disse quais crimes acredita terem sido cometidos.

A Associação Brasileira de Pesquisadores disse em comunicado estar “indignada” com as tentativas de criminalizar pesquisas que se revelam imprecisas.

“Iniciar esse tipo de investigação durante o período da campanha eleitoral, quando as empresas de pesquisa estão realizando seu trabalho, demonstra mais uma clara tentativa de impedir a pesquisa científica”, disse o grupo.

As empresas de pesquisa acrescentaram que seu trabalho não era prever eleições, mas fornecer um instantâneo das intenções dos eleitores no momento em que uma pesquisa é realizada.

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