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as 50 séries de 2022


Tudo o que eu vi este ano de incrível, mediano ou insuportável. Eu ia fazer um ranking das dez melhores séries do ano. Mas eu vi coisa demais no ano, gostei de coisa demais, desgostei de um monte, larguei várias séries no meio e, como este blog anda às moscas nos últimos tempos, vou aproveitar que tenho sua atenção agora para listar tudo, ou quase tudo o que eu vi neste difícil ano de 2022: de muito bom, de médio e também de muito ruim.
Começando pelo que foi muito bom, afinal é época de celebrar as coisas boas do ano e de ter esperança no coração, né? Vambora.
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Station Eleven (HBO Max) – Fico chocada com o quanto essa série apenas maravilhosa foi pouco badalada neste ano – talvez porque comece com uma pandemia que dizimou 99% da população mundial? Adaptação de livro igualmente excelente, conta a história de um grupo de pessoas que sobrevive a essa pandemia. Mas a série não é sobre a pandemia. É muito mais sobre a vida depois do fim do mundo, sobre esperança, recomeços e várias palavrinhas clichês que aqui fogem completamente do óbvio para entregar uma história linda, maluca, profunda e delicada.
A série vai e volta no tempo e é centrada em Kristen (Matilda Lawler criança, Mackenzie Davis adulta, ambas sensacionais), uma atriz mirim que atuava numa peça de Shakespeare e é uma das sobreviventes da pandemia graças à ajuda de um desconhecido. Vinte anos depois, ela é parte de uma trupe de atores e músicos que faz anualmente uma turnê pelos, digamos, povoados formados por quem sobreviveu à tragédia. “Station Eleven” fala de arte e civilização, de amizade, medo, amor. Tem personagens ótimos, atuações maravilhosas e uma história bem inesperada. E, se você não viu, não desista antes de ver pelo menos uns três episódios, acredita em mim.
Reservation Dogs (Star+) – Eu entendo que falar “é uma série sobre adolescentes indígenas americanos” não dá nem de longe a dimensão do quanto essa série é boa demais. Mas é isso. É a vida de um grupo de amigos numa cidade americana que fica dentro de uma reserva indígena, que nesta segunda temporada consegue ser melhor que o maravilhoso primeiro ano. A série, criada por Taika Waititi, é feita toda com indígenas e mostra o cotidiano desses personagens, o tédio, as amizades, as brigas, as tradições, tudo permeado pelo mais fino humor indígena – do qual virei fã número um desde a primeira temporada. Acredite: é legal demais, dá vontade de ver aos pouquinhos para não gastar todos os oito episódios de uma vez.
Ruptura (Apple tv+) – O tanto de nervoso que eu passei com essa série, gente do céu. Começa meio devagar, dá vontade de largar (não largue), mas a história vai escalando e termina com a gente gritando com a TV, enlouquecida, desesperada pela segunda temporada (que virá). É sobre uma empresa bizarra e misteriosa que implanta um chip em seus funcionários (com o consentimento deles) para separar totalmente a vida pessoal da vida profissional. E aí que começa o mistério e a tensão na série, que de início pode parecer só “Black Mirror” genérico, mas que é uma das melhores coisas do ano.
Hacks (HBO Max)– A segunda temporada manteve demais o nível da primeira e conseguiu fazer a gente gostar mais ainda da relação entre a comediante consagrada mas já meio em fim de carreira e a jovem e promissora roteirista de comédia que vai ajudá-la a “atualizar” suas piadas. Uma road trip pelo interior dos EUA (e um belíssimo cruzeiro lésbico) servem de cenário para essa amizade meio passivo-agressiva, com diálogos matadores e, novamente, excelentes discussões sobre os limites da comédia, o machismo, o feminismo, a sororidade etc. Imperdível.
Girls 5eva (Globoplay) – Quatro ex-integrantes de uma banda tipo Spice Girls que só teve um grande sucesso, 20 anos atrás, se reencontram – e começam a querer relançar a banda – depois que uma de suas músicas é sampleada por um rapper badalado. “Girls5Eva” é aquela série com tanta piada e tanta referência que vale ver e rever para poder rir em vários níveis. Não é para menos: é escrita por uma ex-SNL, Meredith Scardino, produzida pelos gênios Tina Fey (minha ídola suprema) e Robert Cartlock, as mentes brilhantes por trás de “30 Rock” e “Unbreakable Kimmy Schmidt”, e ainda tem as músicas – nada menos que geniais – escritas por Jeff Richmond (não por acaso marido da Tina Fey). Aguardando a segunda temporada chegar por aqui, já demorou.
Cena de “Girls5Eva”, do Globoplay
Divulgação/Globoplay
Em nome do céu (Star+) – Melhor minissérie do ano, protagonizada por Andrew Garfield, que vive um policial que investiga um crime bárbaro dentro da comunidade mórmon da qual ele faz parte, numa cidadezinha do estado americano de Utah. Baseada em uma história real que aconteceu nos EUA nos anos 80, a série além de ótima é uma aula de história sobre o surgimento do mormonismo. Densa, pesada, com excelentes atuações, é difícil conseguir largar.
Only Murders in the Building (Star+) – A história dos vizinhos que moram um predião de Nova York e têm um podcast de true crime é outra que conseguiu manter o nível da linda primeira temporada e foi uma das coisas mais divertidas do ano (embora com uma leve embromation ali no meio), com uma investigação ótima, muitas reviravoltas e talvez o episódio (o último) mais engraçado deste 2022 – Steve Martin e Martin Short, eu amo vocês. Ok, a Selena Gomez também. E já tem um terceiro ano vindo aí, que alegria.
Black Bird (Apple tv+) – Outra grande minissérie do ano, mais uma baseada numa (improvável) história real. Um playboyzinho traficante de drogas aceita trocar uma pena de dez anos de detenção pela tarefa de tentar arrancar a confissão de um serial killer de meninas – e, se conseguir, ganhar a liberdade. Uma série tensa, com duas atuações impressionantes (palmas para Taron Egerton e Paul Walter Hauser) e que me fez chorar no final. Além de ser o último trabalho de Ray Liotta, que morreu este ano. Coisa fina.
The Bear (Star+) – Um cozinheiro premiado larga o trabalho num dos melhores restaurantes do mundo para tentar salvar da falência a lanchonete de sua família, depois da morte do irmão. A série tem um ritmo frenético que faz a gente se sentir tanto dentro do caos de uma cozinha de restaurante quanto dentro da cabeça perturbada do protagonista. E ainda tem uns preparos que dão muita fome na gente.
Barry (HBO Max) – A terceira (e última?) temporada da história sobre o matador profissional que resolve se tornar ator foi sem dúvida a melhor da série. Engraçadíssima (especialmente tudo o que diz relação ao Hank) e sombria.
The Reharsal (HBO Max) – essa série, que na verdade é um reality show (mas até que ponto? Sei lá), é tão maluca que até agora eu não sei dizer se gostei ou o quanto gostei. Um cara (o comediante canadense Nathan Fielder) que chama pessoas para ensaiar para algum evento crucial em suas vidas (tipo contar para uma amiga que você mentiu quando disse que tinha pós-graduação ou, hã, CRIAR FILHOS) e aí promove esse ensaio com todos os detalhes e verossimilhança possíveis, contratando atores, construindo cenários etc. É, eu sei que não faz muito sentido e é mais perturbadora do que parece. Mas acho que tem que ver para entender. Ou não.
Rensga Hits! (Globoplay) – A história da menina inocente que vai parar na cidade grande é antiga, mas aqui a garota é a compositora sagaz Raíssa (Alice Wegmann), e a capital é Goiânia. Alice dá o tom certinho entre comédia e romance nos bastidores musicais, mas mesmo com boas intrigas, às vezes o retrato do sertanejo sai suave demais, com racismo e política amenizados. Mas é a série brasileira leve, antenada e redondinha de que a gente precisava em 2022.
The Dropout (Star+) – Minissérie sobre a fascinante história (real, de novo) de Elizabeth Holmes, a garota que fundou uma startup que prometia revolucionar o jeito como eram feitos exames de sangue, arrecadou bilhões de dólares, virou uma celebridade, foi comparada a Steve Jobs e, no fim, era tudo mentira. Sou muito obcecada com essa história e, depois de já ter lido tudo, ter visto documentário e ouvido podcast sobre ela, achei a série apenas ok. Mas vale muito assistir (Amanda Seyfried está bem boa no difícil papel de Elizabeth).
She Hulk (Disney+) – Achei bem divertida a série da Mulher Hulk que, além de ser uma heroína descolada, ainda… wait for it… quebra a quarta parede! Série despretensiosa, serve direitinho para quem não liga a mínima pro universo Marvel (eu), com a protagonista conversando com a gente enquanto tenta se encontrar como advogada com superpoderes que se transforma em Hulk.
Physical (Applet tv+) – Mais uma segunda temporada que segurou a onda da primeira e até melhorou. Rose Byrne vive uma dona de casa bulímica e com problemas no casamento que começa a investir em vídeos de ginástica aeróbica, na Califórnia dos anos 80. Um humor sutil, uma trilha cool, ótimos atores, episódios curtinhos, tudo lindo.
Rota 66 (Globoplay) – A série é uma adaptação muito boa de um dos trabalhos mais relevantes da história do jornalismo brasileiro: o livro-reportagem “Rota 66”, lançado pelo Caco Barcellos em 1993. O Humberto Carrão está ótimo como o jovem jornalista incansável e disposto a correr todo tipo de risco para revelar como a polícia de São Paulo matava “suspeitos” porque eram pobres e negros, em sua maioria. “Rota 66” ainda acerta muito na reprodução de cenários de época e na reconstituição de crimes e episódios reais (como o massacre do Carandiru). Uma série necessária.
Gaslit (Lionsgate play) – A já conhecida história do escândalo de Watergate aqui é centrada na figura controversa de Martha Mitchell, esposa do procurador-geral dos EUA no governo Nixon, numa atuação matadora de Julia Roberts. A minissérie começa com uma narrativa leve, um quase humor, mas acaba num tom mais pesado e deprê. Tem ainda o Sean Penn totalmente irreconhecível.
White Lotus (HBO Max) – Ai, gente, eu sei. Eu sei que é a grande série badalada do ano, mas não tenho culpa se as pessoas gostam de qualquer coisa em uma paisagem bonita, né. A primeira temporada foi bem boa, mas esta segunda era tipo uma comédia pastelão (pensa na cena do suposto viagra) com personagens que não faziam muito sentido (tipo a gerente que só queria ser amada e transar com uma mulher) e com histórias para lá de óbvias (tipo o rapaz ingênuo que se deixou levar pela prostituta gata), além de Jennifer Coolidge fazendo aquela cara de quem estava chupando limão por oito episódios, uma rica muito atrapalhada. Uma série bem mediana.
Bom dia Veronica (Netflix) – A Veronica é a Jack Bauer brasileira. Uma investigadora que não segue regras e faz o que for preciso para colocar os criminosos atrás das grades – incluindo fingir a própria morte e deixar seus filhos acreditarem que ficaram órfãos. Tainá Müller está bem demais nessa série, que na segunda temporada, no entanto, se perdeu um pouquinho nos exageros do vilão maníaco sexual líder de uma seita, vivido por Reynaldo Giannechini. Mas ainda assim uma belíssima série brasileira de ação.
Matt Smith e Emma D’arcy em cena de ‘A Casa do Dragão’
Divulgação
Euphoria (HBO Max) – A Rue passou tempo demais drogadona demais sem ninguém se dar conta e isso irritou um pouco nesta segunda temporada da série sobre adolescentes sem limites & pais ausentes, mas “Euphoria” continua sendo muito bem feita e muito relevante.
The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video) – Esta quarta temporada da série foi apenas boa – diferentemente das outras três, que foram maravilhosas, como bem diz o nome da série. Mas uma temporada apenas boa de “Mrs. Maisel” já é melhor que quase tudo o que a gente tem assistido por aí, então essa série continua no meu top melhores séries da vida.
Manhãs de Setembro (Prime Video) – Uma mulher trans que ganha a vida como entregadora e que também canta numa boate na noite paulistana descobre que tem um filho de dez anos fruto de uma noite com uma ex-colega de trabalho. Liniker arrasa como protagonista desta série que é uma das coisas mais fofas e delicadas dos últimos tempos – a segunda temporada mantém o nível da primeira e ainda conta com a participação de Seu Jorge.
Julia (HBO Max) – história do surgimento do programa de TV que deu fama a Julia Child – a pioneira dos programas culinários nos EUA – virou uma série deliciosa, com trocadilho, sorry, e que dá muita fome. Pena que no fim ela dá uma leve cansada e fica um tantinho arrastada. Mesmo assim, vale demais.
House of the Dragon (HBO Max) – Como eu não sou uma pessoa que se emociona ao som de qualquer personagem falando “Targaryen” e tal, não me comovi muito com esse spin-off de “Game of Thrones”, que mostra a disputa do trono de ferro muitas décadas antes da história original. Personagens pouco interessantes, aquela forçação de barra sexo-violência-incesto-guerras, cenas de partos difíceis demais da conta e dragões. Mais uma série mediana que eu vi por causa do hype (odeio me sentir desenturmada).
The Patient (Star+) – Steve Carell é um terapeuta que é sequestrado por um serial killer que quer uma terapia “intensiva” para tentar se curar e parar de matar. A série, no entanto, é menos um thriller psicológico e mais uma reflexão sobre culpa, empatia e relacionamentos – enquanto tenta tratar seu “paciente”, o dr. Strauss precisa lidar com suas próprias questões pessoais, como a perda recente da esposa e o distanciamento do filho, que se tornou judeu ortodoxo. A série peca em alguns detalhes, mas nada que comprometa a história – dez episódios curtinhos, sob medida para maratonar.
Abott Elementary
Divulgação
Abbot Elementary (Star+) – A comédia fofinha em formato mockumentary sobre as dificuldades de ser professor numa escola pública nos EUA foi uma das estreias mais elogiadas do ano. Demora um tantinho para engatar, como a maioria das comédias, mas é bem escrita, tem potencial, bons personagens e deve se encontrar de vez a partir do segundo ano. Tomara.
Yellowjackets (Paramount +) – Espécie de nova “Lost”, é sobre (pessoas) estudantes perdidas na selva e no frio depois de um acidente de avião. A história é bem viciante, tem uns elementos meio sobrenaturais, parece, mas a gente sabe que não tem a menor chance de terminar de um jeito bom. Curtamos a jornada, portanto.
Ozark (Netflix) – uma das melhores séries da década que, no entanto, tinha que ter acabado no fim da terceira temporada. Este quarto ano é bem arrastado, eles não têm muito mais história e ficam enrolando bastante, é bem chatinho. Mas o episódio final não decepcionou e fechou a série direitinho.
Better Call Saul (Netflix) – Não consigo entender como essa série aparece nos primeiros lugares de várias listas de melhores do ano. E olha que eu tentei entender, vi do começo ao fim. A história de Saul Goodman antes de “Breaking Bad” nem é ruim, não, só é muito chata e pretensiosa. E arrastada. Enfim. A Rhea Seehorn realmente está excelente e merecia uns prêmios aí, mas só ela.
Search party (HBO Max) – essa é uma das comédias mais engraçadas que eu já vi na vida – pena que a galera não entendeu que era hora de parar depois da fraquinha quarta temporada e resolveu partir para o nonsense meio sem graça neste quinto ano. Foi difícil conseguir ver até o fim. Mas nada que tire das três primeiras temporadas o posto de uma das melhores comédias de todos os tempos.
How i met your father (Prime Video) – Assim… preciso dizer que eu não esperava nada dessa série, então não me decepcionei. Comédia bobinha seguindo a fórmula que consagrou (e no fim meio que estragou) “How I Met Your Mother”, em que uma mulher (Kim Catrall, que fez falta demais na nova “Sex and the City”) no futuro conta para seu filho como foi que conheceu o pai dele.
And just like that (Sex and the city) – Por que diabos resolveram fazer um revival de “Sex and the City” a essa altura do campeonato é algo que me foge à compreensão. O pior é que o revival veio para tentar “redimir” a série. E aí eles descobrem a diversidade, descobrem que existem negros no mundo, e é tudo muito, muito ruim e constrangedor.
Shining Girls (Apple tv+) – Me dói dizer isso, mas essa série foi um horror. Começou excelente, cheia de credenciais e gente boa – tipo Elizabeth Moss e Wagner Moura! – mas uma hora a gente descobriu, não sem sofrimento, que a história do viajante do tempo misógino serial killer era uma bomba. Que triste.
Séries que larguei em 2022:
O Senhor dos Anéis, Anéis de Poder (eu vi o primeiro episódio pelo hype, mas definitivamente não sou o público-alvo); Succession (mais uma série superestimada até dizer chega); Sandman (me esforcei, vi até a metade, depois me deu preguiça); Winning Time (sei que não devia ter largado a belíssima série sobre os Lakers, mas eu apenas esqueci de continuar); Uncoupled (tantos clichês nessa tentativa de ‘Sex and the City’ para gays maduros, não deu); Som na Faixa (série sobre a história do Spotify, ruim demais); Conversas entre amigos (baseado no livro de Sally Rooney, mas chaaaata); Boneca Russa (a segunda temporada é inassistível); After party (parece interessante mas cansou); Anos Incríveis (é fofa, mas faltou aquele clima melancólico da original); Cavaleiro da Lua (insuportável); Outer range (no primeiro episódio já dá pra ver que nada de bom virá dali); The Boys (amo, mas ficou tão repetitiva); Evil (cansei); Old Man (preguiça); 1899 (zero chance de aquilo terminar bem); Pam & Tommy (ouvi muitos elogios, mas as atuações me cansaram demais).
Sei que faltou um monte de série aqui, mas 2023 tá aí pra isso, né. E que seja um ano bom. Até lá.

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MicroGmx

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Tags: Séries

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