Almodóvar encanta Cannes com seu curta sobre caubóis gays com Pedro Pascal e Ethan Hawke


‘Strange Way of Life’ foi exibido fora da competição. Dezenas de pessoas ficaram debaixo da chuva sem conseguir entrar no cinema, superlotado. Ethan Hawke e Pedro Almodóvar chegam para a exibição de ‘Strange Way of Life’ no Festival de Cannes 2023
Patricia de Melo Moreira/AFP
O diretor espanhol Pedro Almodóvar, de 73 anos, encantou o Festival de Cannes, nesta quarta-feira (17), com seu curta-metragem “Strange Way of Life”, apresentado fora da mostra competitiva.
No mesmo dia, teve início a exibição dos filmes que disputam a Palma de Ouro, prêmio máximo da mostra francesa.
Esta primeira incursão de Almodóvar no gênero de Velho Oeste, de apenas 25 minutos, deixou seus fãs ávidos na Croisette, onde houve uma certa confusão para acessar a sala de exibição.
Dezenas de pessoas ficaram debaixo da chuva sem conseguir entrar no cinema, superlotado.
Os atores Ethan Hawke, americano, e Pedro Pascal, chileno, são os protagonistas deste experimento almodovariano, filmado em inglês e com ar de ensaio, antes de se lançar em algo mais ambicioso.
No passado, o diretor espanhol foi tentado em várias ocasiões em Hollywood para filmar nos Estados Unidos.
“Era meu primeiro Velho Oeste e o fiz tentando não ser anacrônico”, explicou Almodóvar.
O curta conta a história de um reencontro amoroso entre dois homens, um xerife e um caubói.
“É a discussão de dois amantes que reagem de forma totalmente diferente a uma noite de orgia”, explicou o diretor, entre outros, de “Ata-me”.
O cineasta tem uma relação especial com Cannes, onde já disputou seis vezes o prêmio máximo. A última vez aconteceu em 2019 com seu filme mais autobiográfico, “Dor e Glória”. Apesar de ter conquistado vários prêmios importantes, ele nunca conseguiu levar a Palma de Ouro.
‘O segredo é ensaiar’
O lendário ator americano Michael Douglas, que recebeu na véspera a Palma de Ouro honorária por sua carreira, também teve um encontro especial com o público.
Hoje em dia “não se pode fazer nada sem recorrer aos coordenadores de intimidade”, admitiu o protagonista de “Instinto Selvagem” (1992) e “Atração Fatal” (1987).
Mas o ator experiente, de 78 anos, disse, brincando, que como “especialista em questão de cenas de sexo”, “o segredo é ensaiar”.
“É como ensaiar uma cena de luta, você tem que preparar uma coreografia. Começa muito lentamente e depois passa para um ritmo mais rápido”, confidenciou, arrancando risos.
‘Monster’ e ‘Le retour’ no pário
Um total de 21 filmes disputam a Palma de Ouro este ano.
O japonês Hirokazu Kore-eda apresentou “Monster”, uma história com protagonistas infantis, em torno de um incidente em uma escola. Em 2018, o diretor ganhou o prêmio máximo da mostra com “Assunto de Família”.
O outro filme exibido nesta quarta foi “Le retour”, da diretora francesa Catherine Corsini, que disputa pela terceira vez a Palma de Ouro.
O filme, que conta a história de uma mãe e suas duas filhas jovens que voltam à ilha da Córsega, de onde tiveram que partir em circunstâncias trágicas, também está envolto em polêmica.
A produção ficou sem financiamento público, após descobrir-se que uma cena teatral, explicitamente sexual, implicando uma atriz menor de 16 anos, não foi declarada às autoridades, como se exige.
Além disso, alguns colaboradores criticaram Corsini pela forma excessivamente dura de dirigir as filmagens, segundo fontes citadas pela imprensa.
“Catherine nunca assediou ninguém”, garantiu à agência de notícias France Presse a produtora do filme, Elisabeth Perez.
A diretora francesa é uma das sete cineastas mulheres que concorrem à Palma de Ouro, um recorde para a mostra.

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