Além de Burkina Faso, outros três países da África Ocidental e Central sofreram golpes em pouco mais de dois anos | Mundo

Nesta sexta-feira (20), o capitão do exército de Burkina Faso, Ibrahim Traore, destituiu o líder militar Paul-Henri Damiba, concretizando o segundo golpe no país em oito meses — em janeiro, o exército burkineoense removeu o presidente eleito Roch Kabore e culpou-o por não conter a violência de militantes islâmicos.

A ação de Traore e seus aliados marca a sexta vez em pouco mais de dois anos que um governo da África Ocidental e Central sofre um golpe militar.

Assimi Goita, presidente interino do Mali, em agosto de 2020 — Foto: Malik Konate / AFP

Um grupo de coronéis malianos liderados por Assimi Goita destituiu o presidente Ibrahim Boubacar Keita em agosto de 2020. O golpe ocorreu após protestos antigovernamentais na capital, Bamako, e outras regiões, contra a deterioração da segurança, eleições legislativas contestadas e alegações de corrupção.

Na ocasião, sob pressão dos vizinhos, a junta militar concordou em ceder o poder a um governo interino liderado por civis, que foi encarregado de supervisionar uma transição de 18 meses para eleições democráticas em fevereiro de 2022.

Meses depois, entretanto, os líderes do golpe entraram em confronto com o presidente interino, o coronel aposentado Bah Ndaw, e arquitetaram um segundo golpe em maio de 2021. Goita, que então atuava como vice-presidente interino, virou presidente.

O governo de Goita anunciou que pretendia adiar as eleições em até cinco anos, provocando sanções da Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) que paralisaram a já frágil economia do Mali. O bloco suspendeu algumas das sanções em julho, depois que os governantes militares do país propuseram uma transição de dois anos para a democracia e publicaram uma nova lei eleitoral.

Mahamat Idriss Deby Itno, presidente do Chade, em março de 2022 — Foto: Reprodução/Twitter @GmahamatIdi

O exército do Chade assumiu o poder em abril de 2021, depois que o presidente Idriss Deby foi morto no campo de batalha enquanto visitava tropas que lutavam contra rebeldes no norte do país.

Sob a lei chadiana, o presidente do parlamento deveria ter se tornado presidente da nação. No entanto, um conselho militar interveio e dissolveu o parlamento afirmando que isso garantiria a estabilidade.

O filho de Deby, general Mahamat Idriss Deby, foi nomeado presidente interino e encarregado de supervisionar uma transição de 18 meses para as eleições. A transferência de poder levou a tumultos na capital, N’Djamena, mas os protestos foram contidos pelos militares.

Mamady Doumbouya, presidente de Guiné, em setembro de 2022 — Foto: ASSOCIATED PRESS

O comandante das forças especiais, coronel Mamady Doumbouya, depôs o presidente Alpha Conde em setembro de 2021. Um ano antes, Conde havia mudado a constituição para contornar os limites que o impediriam de concorrer a um terceiro mandato.

Protestos tomaram conta da capital, Conacri, e deoutras regiões, mas Doumbouya tornou-se presidente interino e prometeu uma transição para eleições democráticas dentro de três anos.

A Cedeao, contudo, rejeitou o cronograma e impôs sanções aos membros da junta e seus parentes, incluindo o congelamento de suas contas bancárias. Em julho, o bloco regional deu à Guiné até 22 de outubro para estabelecer um cronograma “razoável”, ou enfrentar sanções adicionais.

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