O mundo da moda vende uma imagem de perfeição inatingível. Rostos impecáveis, corpos esculturais, roupas deslumbrantes… um sonho que se materializa nas passarelas e páginas de revistas. No entanto, por trás dos flashes e da maquiagem, existe uma realidade bem menos glamourosa, marcada por sacrifícios, pressões e, muitas vezes, problemas de saúde silenciados.

Um desses problemas, surpreendentemente comum entre modelos, são as varizes. Contrariando a crença popular de que se trata de uma condição exclusiva da terceira idade, as varizes podem afetar jovens de todas as idades, inclusive aqueles que desfilam a beleza e a jovialidade como profissão. Mas como essa condição se manifesta em um meio tão focado na aparência e na perfeição?

O Mito da Perfeição e a Realidade das Varizes

As varizes, veias dilatadas e tortuosas que se tornam visíveis sob a pele, são causadas por uma variedade de fatores, incluindo predisposição genética, longos períodos em pé (o que é comum em trabalhos que exigem longas horas de gravação ou desfiles), alterações hormonais e até mesmo o uso de roupas apertadas, que podem dificultar a circulação sanguínea. No caso das modelos, a rotina exaustiva, os saltos altos e a pressão estética podem exacerbar o problema.

O impacto das varizes vai além da estética. Além do desconforto físico, como dor, inchaço e sensação de peso nas pernas, a condição pode afetar a autoestima e a confiança das modelos, que dependem da imagem para trabalhar. Em um mercado tão competitivo e implacável, a simples presença de varizes pode ser motivo de insegurança e até mesmo de exclusão.

A Pressão Estética e o Silêncio Ensurdecedor

O tema das varizes em modelos raramente é abordado abertamente. Existe um silêncio ensurdecedor em torno do assunto, alimentado pela cultura da perfeição e pelo medo de expor vulnerabilidades. As modelos, muitas vezes, sentem-se pressionadas a esconder o problema a qualquer custo, recorrendo a maquiagem, meias de compressão ou até mesmo procedimentos estéticos para disfarçar as varizes.

Essa cultura do silêncio é prejudicial, pois impede que as modelos busquem ajuda e tratamento adequados. Além disso, contribui para a perpetuação de um ideal de beleza irreal e inatingível, que cobra um preço alto em termos de saúde física e mental.

A Urgência de um Diálogo Aberto e Empoderador

É fundamental quebrar o tabu em torno das varizes e de outros problemas de saúde que afetam as modelos. Precisamos promover um diálogo aberto e honesto sobre as dificuldades enfrentadas por essas profissionais, desmistificando a imagem de perfeição e celebrando a beleza real, que reside na autenticidade e na aceitação do corpo como ele é.

As agências de modelos, as marcas de moda e os veículos de comunicação têm um papel crucial nesse processo. É preciso criar um ambiente de trabalho mais saudável e inclusivo, que valorize o bem-estar das modelos e ofereça suporte para que elas cuidem da saúde física e mental. Além disso, é importante promover campanhas que celebrem a diversidade e a beleza em todas as suas formas, mostrando que a perfeição não existe e que a autenticidade é o verdadeiro charme.

Ao romper o silêncio e dar voz às modelos que sofrem com varizes e outros problemas de saúde, estaremos contribuindo para a construção de um mundo da moda mais justo, humano e empoderador, onde a beleza não seja sinônimo de sofrimento, mas sim de bem-estar e aceitação.