No mundo idealizado das redes sociais, espaços de coliving se apresentam como oásis de produtividade e convívio em destinos exóticos. Mas a experiência de uma viajante no AfricaNomads, no Quênia, expõe uma faceta menos glamourosa dessa tendência. Em setembro de 2024, a blogueira de viagens, ansiosa por sua primeira imersão na cultura queniana, embarcou para uma colaboração de um mês com o espaço, atraída pela promessa de uma sinergia entre trabalho e lazer.

A Desilusão por Trás das Fotos Perfeitas

O choque com a realidade se mostrou implacável. A atmosfera vibrante e inspiradora vendida nas redes sociais deu lugar a problemas de infraestrutura, falta de profissionalismo e um ambiente que, longe de fomentar a colaboração, gerava frustração e isolamento. A experiência da viajante serve como um alerta: nem tudo que reluz é ouro, e a escolha de um espaço de coliving deve ir além da análise superficial de fotos e promessas de marketing.

Infraestrutura Precária e Falta de Suporte

A narrativa da blogueira detalha desde a internet instável, um problema crítico para quem depende da conexão para trabalhar, até a falta de manutenção básica nas instalações. A ausência de um suporte adequado por parte da administração agravou a situação, transformando o que deveria ser uma experiência enriquecedora em uma fonte constante de estresse. A falta de água quente, por exemplo, pode parecer um detalhe menor, mas em um contexto de trabalho remoto, onde o conforto e a praticidade são essenciais, o impacto na qualidade de vida e na produtividade se torna significativo.

Comunicação Falha e Expectativas Frustradas

A comunicação ineficaz entre a administração do AfricaNomads e seus hóspedes também foi um ponto de discórdia. A falta de clareza nas informações sobre os serviços oferecidos, as regras do espaço e os eventos promovidos gerou desconfiança e minou a sensação de pertencimento. A promessa de uma comunidade vibrante e engajada se dissolveu diante da falta de iniciativas concretas para promover a interação entre os membros e da ausência de um canal de comunicação eficiente para resolver problemas e compartilhar informações relevantes.

Responsabilidade e Transparência no Turismo

A experiência da viajante levanta questões importantes sobre a responsabilidade e a transparência no setor de turismo, especialmente no que se refere a espaços de coliving e outras modalidades de hospedagem alternativas. É fundamental que os viajantes pesquisem a fundo, busquem referências de outros hóspedes e exijam informações claras e detalhadas sobre as condições do local antes de fechar qualquer negócio. Da mesma forma, é imprescindível que os administradores desses espaços ajam com ética e profissionalismo, cumprindo o que prometem e oferecendo um suporte adequado aos seus hóspedes.

Repensando o Coliving: Uma Análise Crítica

A popularização do coliving reflete uma mudança nos hábitos de trabalho e de viagem, impulsionada pela crescente mobilidade e pela busca por experiências mais autênticas e personalizadas. No entanto, é preciso ter cautela para não idealizar demais essa tendência. A experiência no AfricaNomads serve como um lembrete de que nem todos os espaços de coliving são iguais e que é preciso estar atento aos detalhes para evitar decepções. A escolha de um espaço de coliving deve ser pautada por uma análise criteriosa das necessidades e expectativas de cada indivíduo, bem como por uma avaliação realista das condições oferecidas pelo local.

Ao compartilhar sua experiência, a blogueira não apenas alerta outros viajantes, mas também contribui para um debate mais amplo sobre os desafios e as oportunidades do coliving como modelo de hospedagem. A transparência e a honestidade são ferramentas essenciais para construir um setor de turismo mais justo e responsável, onde as expectativas dos viajantes sejam atendidas e os impactos negativos sobre as comunidades receptoras sejam minimizados.