Em um Dia da Independência marcado por tensões políticas e discursos inflamados, o Greenpeace Brasil escolheu as areias de Copacabana para um ato pacífico e urgente: o pedido por ‘independência dos combustíveis fósseis’. A ação, carregada de simbolismo, mira no coração do modelo econômico brasileiro, fortemente atrelado à exploração de petróleo e outras fontes de energia não renováveis.
A mensagem é clara: a insistência em um modelo extrativista, além de ambientalmente predatória, é socialmente excludente e economicamente insustentável a longo prazo. O Brasil, com sua vasta riqueza natural e potencial para energias renováveis, estaria fadado a repetir um ciclo de dependência e vulnerabilidade caso não diversifique sua matriz energética.
Um Modelo Extrativista em Crise
A exploração desenfreada de petróleo, defendida por alguns como sinônimo de progresso, esconde um custo altíssimo. Além dos impactos ambientais óbvios, como o aumento das emissões de gases de efeito estufa e o risco de desastres ambientais como vazamentos de óleo, o modelo extrativista perpetua desigualdades sociais. Os lucros da exploração de recursos naturais frequentemente se concentram nas mãos de poucos, enquanto as comunidades locais e o meio ambiente sofrem as consequências.
A urgência da transição energética se torna ainda mais evidente diante das crescentes evidências científicas sobre as mudanças climáticas. Ondas de calor, secas extremas, inundações e outros eventos climáticos extremos tornaram-se mais frequentes e intensos, afetando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil, com sua vasta área costeira e dependência da agricultura, é particularmente vulnerável aos impactos do aquecimento global.
Alternativas Sustentáveis e Inclusivas
A boa notícia é que existem alternativas. O Brasil possui um enorme potencial para energias renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa. Investir nessas fontes de energia não apenas reduziria a dependência de combustíveis fósseis, mas também criaria empregos, impulsionaria a inovação e promoveria um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. A geração distribuída, com a instalação de painéis solares em residências e empresas, pode democratizar o acesso à energia e fortalecer a economia local.
No entanto, a transição energética não é apenas uma questão tecnológica, mas também política e social. É preciso um compromisso firme do governo, do setor privado e da sociedade civil para superar os obstáculos e implementar políticas públicas que incentivem a produção e o consumo de energias renováveis. É fundamental garantir que a transição seja justa e inclusiva, protegendo os trabalhadores das indústrias de combustíveis fósseis e criando novas oportunidades de emprego em setores mais sustentáveis.
A Independência que Queremos
O ato do Greenpeace em Copacabana, no 7 de Setembro, nos convida a repensar o conceito de independência. Não se trata apenas de celebrar a emancipação política do Brasil, mas também de buscar a independência de um modelo econômico que nos aprisiona a um futuro insustentável. A verdadeira independência reside na capacidade de construir um país mais justo, próspero e ambientalmente responsável, capaz de garantir um futuro digno para as próximas gerações. A luta por essa independência continua.
Para se aprofundar mais sobre o tema, sugiro a leitura do relatório ‘Impactos Socioeconômicos da Indústria do Petróleo e Gás no Brasil’ do INEEP (link) e o estudo ‘Transição Energética Justa’ do Instituto Clima e Sociedade (link).