Instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio estão entre as que lamentaram a morte. Em um post no Instagram, o MAM lembrou a trajetória de Angelo e que uma obra dele pode ser vista na área externa da instituição.
“Angelo Venosa é um dos mais importantes artistas da escultura contemporânea brasileira. Sua obra reflete ousadas pesquisas em torno de métodos e materialidades que ocupavam espaços internos e externos, os grandes vãos dos museus ou, mesmo, o espaço público”, disse o museu, em um post.
A galeria Nara Roesler, que representou Venosa por 10 anos, também fez um post nas redes sociais.
“A Nara Roesler teve a grande sorte de representar e acompanhar de perto o trabalho de Venosa durante mais de dez anos. Desde 2021, as equipes da galeria trabalham em dois projetos que deverão sair à luz pública no futuro próximo, infelizmente com caráter póstumo, mas também como homenagem ao artista inigualável: uma mostra dos seus mais recentes experimentos com desenho tecnologicamente assistidos e o lançamento de uma monografia definitiva de sua produção. Compartilhamos a dor incomensurável pela perda de um artista fundamental para o Brasil e transmitimos a nossa solidariedade aos familiares, amigos e colegas de Angelo Venosa”, diz um trecho do texto.
Também em redes sociais, outros curadores, jornalistas e críticos de arte também lembraram o artista.
Angelo morreu aos 68 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de problemas causados pela Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença que ataca o sistema nervoso, enfraquece os músculos e afeta as funções físicas.
Desde 2019, o artista passou a conviver com os sintomas da ELA e no último sábado (15) foi internado em um hospital particular do Rio de Janeiro.
Natural da cidade de São Paulo, Venosa é considerado um dos maiores escultores do Brasil, com quase 40 anos de carreira. O artista tinha como característica criar peças usando madeira, tecido, fibra de vidro e outros materiais (veja imagens de suas obras abaixo).
Exposição no Rio reúne novas obras de Angelo Venosa, um dos maiores escultures do país
Algumas esculturas do artista ocupam espaços na paisagem de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Na Praia do Leme, na Zona Sul do Rio, por exemplo, uma obra foi batizada pelos cariocas como “A baleia”. Em uma entrevista em 2021, o artista falou sobre o projeto (assista acima).
“A baleia não é uma representação de baleia, está de ser longe disso, é só uma estrutura, guarda alguma coisa orgânica? Guarda. É um esqueleto? Num sentido muito genérico. Mas ganhou um apelido de baleia, porque as pessoas precisam embrulhar aquilo para conseguir digerir. É um movimento muito afetivo”, dizia Angelo Venosa.
Angelo Venosa ganhou notoriedade ao produzir obras tridimensionais que misturavam materiais vindos da natureza com o universo industrial. Antes de se mudar para o Rio de Janeiro em 1974, o artista frequentou a Escola Brasil, em São Paulo, espaço experimental de ensino de arte em 1973.
Ele se mudou para o Rio de Janeiro, no ano seguinte, quando começou a estudar desenho industrial na ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial).
Paço Imperial, no Rio, reúne obras de artistas plásticos
O reconhecimento no mundo da arte aconteceu nos anos 80, quando Venosa integrou o que ficou conhecido posteriormente como a Geração 80. O movimento marcou a retomada da pintura, mas ele se difere do grupo por ter optado pela escultura.
Em 2007, Venosa defendeu a dissertação de mestrado “Da Opacidade”, na pós-graduação da Escola de Belas Artes da UFRJ.
Há obras expostas no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Pinacoteca de São Paulo.
É possível também ver obras do artista plástico na Praia de Copacabana e Museu do Açude, no Rio, em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e no Parque José Ermírio de Moraes, em Curitiba.
A última exposição do artista estreou no Rio de Janeiro em abril de 2021, com obras feitas durante a pandemia. Ele já estava mais recluso em casa antes deste período por conta do diagnóstico de ELA.