O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o inquérito que investiga as ações de uma suposta milícia digital que atua contra a democracia.
A apuração foi instaurada em julho de 2021, depois de o ministro Alexandre de Moraes ter determinado o arquivamento — a pedido da Procuradoria-Geral da República — do inquérito que investigou atos antidemocráticos a partir de abril de 2020. O prazo da investigação foi prorrogado pela quinta vez.
No chamado inquérito das milícias digitais, a Polícia Federal apura a existência de uma organização criminosa que teria a finalidade de atentar contra o estado democrático de direito e se articularia em núcleos político, de produção, publicação e financiamento.
Outra suspeita é de que esse grupo tenha sido abastecido com verba pública.
Em um relatório parcial sobre o andamento do caso, apresentado em fevereiro deste ano à Corte, a delegada Denisse Ribeiro afirmou que uma milícia digital usa a estrutura do chamado “gabinete do ódio” — grupo que seria formado por aliados do presidente Jair Bolsonaro e que atuaria até mesmo dentro do Palácio do Planalto.
Segundo a PF, a ação do grupo seria orquestrada com o objetivo de difundir ataques e desinformação, criando e deturpando dados para obter vantagens e auferir lucros – buscando, assim, ganhos políticos, ideológicos e financeiros.
“Identifica-se a atuação de uma estrutura que opera especialmente por meio de um autodenominado ‘gabinete do ódio’: um grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) – os ‘espantalhos’ escolhidos – previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação […], especialmente as redes sociais”, escreveu a delegada.
A delegada afirmou que a suposta milícia digital atua de forma anônima e tem como alvos adversários políticos, ministros do STF, integrantes do próprio governo e dissidentes, além da imprensa tradicional.