O partido representava a ameaça mais séria ao Partido do Povo Cambojano de Hun Sen, conhecido como CPP, e a dissolução do CNRP abriu caminho para o partido de Hun Sen conquistar todos os 125 assentos na Assembleia Nacional nas eleições de 2018.
A prisão do Sr. Kem Sokha e o encerramento do CNRP fizeram parte de uma ampla repressão a políticos, ativistas e membros da imprensa da oposição, que viu centenas de pessoas presas ou condenadas à revelia após fugirem para o exterior. Em junho, um tribunal em Phnom Penh condenou pelo menos 51 figuras da oposição por “incitação” e “conspiração”, além de outras acusações.
Entre os condenados estava Theary Seng, um advogado e ativista dos direitos civis com dupla cidadania americana e cambojana, que agora cumpre uma sentença de seis anos em uma prisão remota na província de Preah Vihear.
A Human Rights Watch, que condenou veementemente cada etapa da repressão no Camboja, pediu aos governos estrangeiros na sexta-feira que reavaliem sua abordagem ao governo de Hun Sen.
“Era óbvio desde o início que as acusações contra Kem Sokha não passavam de uma manobra política do primeiro-ministro Hun Sen para afastar o principal líder da oposição do Camboja e eliminar o sistema democrático do país”, disse Phil Robertson, vice-diretor da Human Rights Watch para a Ásia.
Ele disse que a sentença “não é apenas para destruir seu partido político, mas para anular qualquer esperança de que possa haver uma eleição genuína em julho”. Ming Yu Hah, vice-diretor regional da Anistia Internacional para o Sudeste Asiático, enfatizou o mesmo ponto, dizendo: “Este veredicto é um aviso inequívoco para os grupos de oposição meses antes das eleições nacionais”.
Hun Sen colocou a questão em termos gráficos em um discurso em janeiro, no qual alertou seus oponentes políticos para se prepararem para o ataque. Ele disse que poderia “reunir pessoas pertencentes ao CPP para protestar e bater em você”, e acrescentou: “Cuidado. Se eu não conseguir controlar meu temperamento, você será destruído.”
Sun Narin contribuiu com relatórios de Phnom Penh.
