Pressionado pela necessidade de financiar sua máquina de guerra, o governo russo disse na terça-feira que registrou um déficit orçamentário de US$ 47 bilhões em 2022, o segundo maior desde o desmembramento da União Soviética.
O déficit orçamentário atingiu 3,3 trilhões de rublos em 2022, ou 2,3% do tamanho da economia russa, disse Anton Siluanov, ministro das Finanças do país, durante uma reunião do governo na terça-feira.
As receitas da Rússia aumentaram 2,8 trilhões de rublos em 2022, ou US$ 40 bilhões, mas isso não foi suficiente para cobrir os gastos em rápido crescimento, que dispararam em 6,4 trilhões de rublos, ou US$ 92 bilhões, disseram autoridades.
Na reunião, funcionários do governo apresentaram a situação econômica como positiva, com Mikhail Mishustin, o primeiro-ministro russo, dizendo que “no geral, esses indicadores não são ruins”.
Sem fazer nenhuma referência específica à guerra, Silanov, o ministro das Finanças, disse: “Apesar da situação geopolítica, das restrições e sanções, cumprimos todas as nossas metas planejadas”.
Ainda assim, o déficit registrado para 2022 é o segundo apenas na história pós-soviética da Rússia em relação ao registrado para 2020, ano em que a pandemia de coronavírus se desenrolou.
Imediatamente após a invasão da Ucrânia pela Rússia, muitos especialistas previram um colapso catastrófico da economia do país devido às sanções ocidentais e outras medidas restritivas.
A economia russa teve um desempenho acima das expectativas, porém, impulsionada pelos altos preços das commodities. E algumas sanções, como um limite de US$ 60 por barril no preço do petróleo russo, foram introduzidas no final do ano, atenuando seu efeito sobre a economia.
O governo russo não publicou uma análise detalhada de seus gastos em 2022, mas é amplamente aceito que a maior parte do aumento pode ser atribuída ao aumento dos gastos militares. O governo foi forçado a financiar o déficit emitindo títulos e usando dinheiro de seu fundo para dias difíceis.
Um déficit alto é provável para este ano também. A Rússia planeja aumentar seus gastos militares em um terço, e as receitas de petróleo de Moscou devem ser pressionadas pelo teto do preço do petróleo, que obriga os comerciantes russos a vender o petróleo com desconto.