O encontro bilateral também será marcado pela tragédia do fentanil, uma droga sintética 50 vezes mais potente que a heroína. O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre a segurança na fronteira EUA-México, na Casa Branca em Washington, EUA, em 5 de janeiro de 2023
REUTERS/Kevin Lamarque
O presidente americano, Joe Biden, chega ao México neste domingo(8) com uma proposta para aliviar a crise migratória – seu calcanhar de Aquiles – e a urgência de conter as consequências do tráfico de drogas nos Estados Unidos.
Biden chegará de El Paso, estado do Texas (sul), um gesto aos seus adversários que o repreendem por não ter pisado na fronteira de 3.100 quilômetros em dois anos de governo.
Cerca de 2,3 milhões de prisões e expulsões de migrantes sem documentos no ano fiscal de 2022; 108 mil mortes por overdose de drogas em 2021: migração e narcotráfico estarão no centro do encontro entre Biden e seu homólogo mexicano, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, nesta segunda-feira na Cidade do México.
Na terça-feira, os líderes realizarão a Cúpula dos Líderes da América do Norte juntamente com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau.
“O México é particularmente relevante quando se trata de lidar com ambos os graves problemas, que se tornaram vulnerabilidades políticas para Biden”, disse à AFP Michael Shifter, presidente do think tank Diálogo Interamericano.
A questão da imigração pode se tornar um obstáculo para Biden se ele decidir se reeleger em 2024.
Antes de viajar para El Paso, ele anunciou um programa migratório limitado a quatro países: Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, mergulhados em profunda crise, embora o fluxo incessante afete várias nações.
A entrada mensal de até 30 mil pessoas será permitida por dois anos. A medida será dificilmente um paliativo, reconhece Biden, que culpa os republicanos por bloquearem um plano mais ambicioso.
Mas sem um plano robusto para os refugiados, “essas novas medidas apenas colocarão os requerentes de asilo em situações perigosas”, alertou a ONG Comitê Internacional de Resgate.
Droga mortal
O encontro bilateral Biden-AMLO também será marcado pela tragédia do fentanil, uma droga sintética 50 vezes mais potente que a heroína, cuja produção e tráfico são controlados por cartéis mexicanos com componentes químicos da China, segundo a DEA, a agência antidrogas dos EUA.
Quase dois terços das 108 mil mortes por overdose nos EUA em 2021 envolveram opioides sintéticos. A quantidade de fentanil apreendida somente em 2022 seria mais do que suficiente para matar toda a população dos Estados Unidos, diz a agência.
Por isso, Biden busca “ampliar o intercâmbio de informações” com o México e “fortalecer a prevenção”, afirmou o chefe da diplomacia dos EUA para a América Latina, Brian Nichols.
A mudança climática também estará sobre a mesa, depois que os dois países anunciaram na COP27 um projeto de energia renovável que exigirá 48 bilhões de dólares de investimento e no qual o México prometeu expandir suas metas de redução de gases de efeito estufa até 2030.