O 5G finalmente chegou a todas as capitais do Brasil nesta quinta-feira (6). Com velocidade até 10 vezes maior do que a do 4G, a tecnologia promete trazer profundas mudanças na conexão de dados móveis.
No entanto, o 5G ainda é para poucos. É preciso ter um aparelho compatível e, de acordo com a exigência de cada operadora, ainda pode ser necessário trocar chips e comprar novos planos de dados.
A realidade do lançamento, no entanto, mostrou que mesmo quem está equipado também teve dificuldades para se conectar. Muitas capitais que receberam a conexão tiveram reclamações por causa da instabilidade e a velocidade baixa.
Por isso, o g1 ouviu especialistas para saber quais são os principais fatores para deixar a conexão mais fluida e rápida possível nessa faixa.
Com os aparelhos certos e dentro da área de cobertura, os principais pontos que ajudam a ter uma conexão boa são:
- Distância das antenas;
- Ambiente externo.
Até quão longe pode ficar das antenas?
Segundo a Anatel, a distância ideal de cobertura entre as antenas é de 300 metros, por isso ajuda muito estar posicionado nessa área.
A Anatel tem os dados de todas as antenas licenciadas do Brasil — com endereço, latitude e longitude de cada uma — na página: “http://sistemas.anatel.gov.br/se/public/view/b/licenciamento.php”.
Estar em uma área com alta densidade de antenas é ainda mais importante no caso do 5G por causa do baixo comprimento de suas ondas. Por outro lado, é exatamente essa característica da rede que garante velocidade muito superior às outras faixas.
g1 testou velocidade do 5G em São Paulo no dia da ativação do sinal, veja:
G1 testa velocidade do 5G em São Paulo
O baixo comprimento das ondas também torna a conexão no 5G mais sensível quando tem de enfrentar obstáculos como paredes e prédios. Então, para essa faixa, por enquanto, será ainda mais importante fazer a conexão em locais abertos.
O diretor-geral do Instituto IT Midia, Vitor Cavalcanti, analisa que só será possível driblar essa fragilidade em locais fechados com um esforço em larga escala na infraestrutura.
“Vai entrar a complementariedade, que é pegar o 5G, que está do lado de fora, e usar esse 5G dentro, trazendo o sinal para as edificações, como equipamentos que funcionam que nem o wi-fi”, diz.
“A gente não vai ter muito como fugir disso. Têm estudos mostrando que, em lugares fechados, que têm muito obstáculo, é muito difícil de quebrar, por mais potente que o sinal de 5G seja.”
O presidente da Teleco (grupo de profissionais da telecomunicação), Eduardo Tude, explica que muitos outros fatores difíceis de mensurar impactam a conexão.
“O projeto de uma rede de celular é muito complexo. É assimilado em um software específico para isso e leva em consideração o tráfego, o relevo, as edificações”, ressalta.
Ele acrescenta que a qualidade do aparelho ainda pode fazer a diferença, mas apenas em situações específicas. “A qualidade do aparelho conta um pouco nos casos-limite [com sinal muito baixo]. Às vezes o receptor dele têm uma sensibilidade um pouco maior.”
A faixa principal do 5G foi ativada em julho no Brasil e apenas em outubro todas as capitais receberam a faixa. É responsabilidade das operadoras garantir a ativação das antenas, com pelo menos uma estação a cada 100 mil habitantes.
O analista de tecnologia da XP Bernardo Guttman lembra desse contexto para ressaltar que a conexão mais fácil dependerá sempre do trabalho das operadoras.
“A infraestrutura para o 5G não depende apenas da frequência, mas também de uma infraestrutura adequada como por exemplo a construção de micro data centers próximos aos usuários e das torres de celular para redução da latência”, explica.
“Tem que reclamar com a operadora. Porque, a partir dessa reclamação, a operadora pode tentar um melhor posicionamento dessas antenas. Essa é a única solução”, completa Marcelo Zuffo, professor titular do departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Poli-USP.
O próximo passo para expansão do 5G é a ativação da rede em cidades com mais de 500 mil habitantes, que deve ser realizada até janeiro de 2023.
Qual será a revolução que o 5G pode trazer? Assista:
G1 Explica: a revolução do 5G