4 subidas ao Everest em 10 dias: Sherpas lutam por um recorde de escalada

Dois sherpas nepaleses estão levando a superioridade ao extremo no topo do mundo.

Pasang Dawa Sherpa e Kami Rita Sherpa, guias de montanha condecorados e amigos, escalaram o Monte Everest em rápida sucessão nos últimos dias em busca do recorde de maior número de subidas do pico mais alto do mundo.

É uma competição extenuante com recompensas monetárias e perigos abundantes, transformando o que é uma experiência única na vida para a maioria dos alpinistas em uma repetição do desempenho dos sherpas veteranos.

Por décadas, os dois homens vêm tentando superar um ao outro, mas a rivalidade esquentou este ano. A série de escaladas começou em 14 de maio, quando Pasang Dawa Sherpa, 46, escalou o Everest pela 26ª vez, igualando o recorde. Dias depois, Kami Rita Sherpa, 53, recuperou a coroa com sua 27ª subida da montanha.

Então, na segunda-feira, Pasang Dawa Sherpa – oito dias após sua escalada anterior – fez de novo. Um dia depois, Kami Rita Sherpa alcançou o topo mais uma vez, para uma nova marca de 28 cumes.

Não ficou claro se Pasang Dawa Sherpa planejou uma terceira escalada do Everest nesta temporada, que começou em abril e termina na primeira semana de junho. Tal feito nunca foi tentado na história das escaladas do Everest, dizem os especialistas em montanhismo.

A agência de expedição de Kami Rita Sherpa disse que ele queria chegar a 30 subidas antes de se aposentar. A agência de Pasang Dawa Sherpa disse que ele estava determinado a igualar e, finalmente, quebrar o recorde de Kami Rita Sherpa. Nenhum dos dois estava disponível para comentar.

Nem todos no mundo do montanhismo estavam torcendo pela competição amigável. Ang Tshering Sherpa, ex-chefe da Associação de Montanhismo do Nepal, disse que qualquer competição na montanha pode se tornar mortal.

“A competição nas montanhas representa um risco à vida”, disse ele. “A competição doentia deve ser desencorajada.”

Os sherpas, a espinha dorsal da indústria de escalada do Nepal, sofreram quase um terço das 315 mortes registradas no Everest no século passado, de acordo com o Himalayan Database, um órgão de manutenção de registros de montanhismo.

Desde que Pasang Dawa Sherpa escalou o Everest pela primeira vez em 1998, ele às vezes escalou a montanha duas vezes por ano e fez pelo menos uma subida quase todos os anos, com um hiato devido à pandemia e uma terremoto no nepal.

Assim como Kami Rita Sherpa.

Sua competição reflete os recursos limitados da indústria da escalada. Uma empresa de expedição com um Sherpa recordista pode atrair mais clientes. As agências de expedição oferecem dinheiro aos sherpas – os valores exatos não são claros – para cada cúpula recorde.

Este ano, o departamento de turismo do Nepal emitiu 478 autorizações para alpinistas estrangeiros para o Everest, e cerca de 900 pessoas devem chegar ao cume, incluindo sherpas. Até agora nesta temporada, 10 alpinistas, incluindo quatro guias nepaleses, morreram no Everest.

Os sherpas são os impulsionadores de todas as conquistas do Everest. Eles consertam cordas, consertam escadas e carregam alimentos e equipamentos.

A maioria, incluindo Pasang Dawa Sherpa e Kami Rita Sherpa, cresceu em torno do Everest, seus sonhos de uma vida melhor dependentes do dinheiro que ganham quando ajudam um estrangeiro a escalar o Everest. mas muitos são deixando a profissão por causa de seus perigos, compensação modesta e rede de segurança limitada.