Pelo menos 150 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram nos últimos dois dias como resultado de confrontos entre tribos em Nilo Azul, no sul do Sudão. Segundo informações divulgadas pelo hospital da cidade Wad al Mahi, nesta quinta-feira (20), outras 86 sudaneses ficaram feridos, a maioria por queimaduras.
Embora, em 2020, grupos rebeldes nas regiões de Darfur, Kordofan e Nilo Azul tenham assinado acordos de paz, os combates tribais têm aumentado constantemente nessas áreas do Sudão.
Segundo a ONU, em Nilo Azul, confrontos tribais por disputas de terra em julho e um surto em setembro, resultando em 149 pessoas mortas e quase 65.000 deslocadas no início deste mês. Essa violência foi renovada há uma semana, em 13 de outubro, com combates envolvendo as tribos hausa e hamaj, além de outras na área de Wad Almahi, durante vários dias, disse a organização.
Este surto de violência teve origem numa mobilização nacional dos hausa, com ataques a edifícios administrativos, para denunciar a discriminação que lhes foi imposta pela aplicação de leis tribais ancestrais. Esse direito consuetudinário proíbe os hausas, os últimos a chegarem ao Nilo Azul, de possuir terras.
No início desta semana, a violência explodiu em outra província do sul, Kordofan Ocidental, após uma disputa tribal por terras. Os militares sudaneses acusaram o grupo rebelde liderado por Abdelaziz al-Hilu, que não assinou o acordo de paz em 2020, de agravar o conflito. O grupo, por sua vez, acusou as Forças de Apoio Rápido paramilitares.
A ONU disse que pelo menos 36.500 fugiram da área e que 19 pessoas foram mortas e 34 feridas.
Analistas atribuem a luta a questões não resolvidas de terra e cidadania, bem como à militarização de grupos tribais. Os conflitos ameaçam desestabilizar ainda mais o país que está em turbulência política e econômica desde que os militares tomaram o poder e dissolveram um governo liderado por civis há um ano.
“A paz sustentável não será possível sem um governo crível totalmente funcional que priorize as necessidades das comunidades locais, incluindo a segurança, abordando as causas profundas do conflito”, disse a missão especial da ONU em um tweet comentando os incidentes em ambos os estados.
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